domingo, 22 de março de 2009

É mais além

Atrás da linha , outra senha, uma carta
aberta aos loucos
um copo quebrado
a certidão de nascido
a pesca e o peixe estragado
há muito mais do que vã filosofia
não tem portas, solta-vento
brigas de rua
bebidas, medidas ambas extremas
não sabem de mim
e tu menos podes saber
há cãibras em mortos
sonhos sem luzes
ruas sem postes
estradas pagãs
que não voltam
nem têm idas
há espécies extintas e vivas
sangue coalhado
tantas vezes derramado nas eiras dos generais.

Nada podes ver, pois nada enxergas
nunca chegarás onde já fui
falas do tempo
como se nada além existisse
mal sabes da noite queres ensinar a luz
é mais além do que crês
estás perdida enquanto pensas que sabes o caminho.

Há uma cerca caída
mas um muro de cegueira te impede
há doenças infames curas milagrosas
o último barco
que eu deixei partir
pensas que eu perdi?
Atrás da linha há uma curva
interminável viga que rege as vidas
há um plano refeito, redito perfeito
há mares e terras outras baldias
pontes horizontes sem fim
guias estanhadas, ferroadas e bençãos
não há cantos só as jornadas.

Quem é, sabe o que é ser.
Não tem propósitos enluarados
nem agnósticos, crenças ou religiões,
nem fogos estandartes antimônios hormônios
só paixão

Rumo, para quem anda
berço, para quem recria
claridade, para quem faz história
um eterno recomeçar, para quem vive o seu sonho.

É mais além.

Um comentário:

Simone Toda Poesia disse...

E é pra 'mais além' que é preciso voar. Perfeito. Abraços.