terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Seus olhos


Penso em seus olhos

que estarão a mirar?

A justiça do outro lado do mundo?

Quanto anseia este seu pequeno olhar?

A vida não espera é igual e mesma para todos!

A morte não precisa esperar não se importa

com seus olhos! Que suplicam?

Não ouve os lamentos

dos olhos que se enchem

de lágrimas umedecendo

a secura da areia.


Não consigo ver,

serão meus olhos?

Não penso que choram

por ti

nem consigo chorar,

serão seus olhos?

Que suplicam pela verdade

suplicam pela paz?

Enquanto a guerra

não vem?


YouTube - Solo le pido a Dios

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sábado, 24 de janeiro de 2009

O som do futuro- Crianças da vila Dique. P.Alegre


Foi só um grito, que se perdeu no espaço!

No tempo vagueando entre o insólito e a incerteza!

Foi apenas um olhar, sobre o nada que posso tocar

com a minha mão trêmula, e tudo logo se esquecerá

ainda que alguém insista em perguntar, o que houve?

Ninguém responderá, já não há quem saiba!

Pois foi somente um lamento

que o vento tratou de esconder.




domingo, 18 de janeiro de 2009

Cegos reis Foto: Adib Katib


Cegos reis

servos e súditos!

Em meio aos protestos

sobre vidas ceifadas

mudos gritos de

pais e mães horrorizados

vemos tudo à distância

e nada podemos

fazer, entender já

seria um começo!

Corpos em

pedaços empilhados

turvam o olhar

o menos atento pensaria

que miragem

estranha, como impressionista

pintura de vermelho saturar!

Quão errados somos ao

tentarmos julgar e quanto medrosos

ao nosso rosto virarmos

É o pejo da marca de quem vive

no globalizado terreiro

como os pequeninos pássaros

que além do esquife viveiro

nada mais têm de seu

em nenhum lugar.


quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Lentidão das horas



Em certa canção do dia
da despedida
foi marcada a hora
uma certeza havia

Porém passava lenta
a tua sombra na janela
toda vida tua era
era minha todavia

Um lugar
ponto distante
lá onde somente
uma lágrima alcança

Lá onde a vida escorre
no compasso da espera
enquanto o tempo
continua a sua dança



Lá onde todo sonho estanca
toda vida espera
que o senhor das horas
entoe o seu último
canto

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Luz

Era um fim de tudo

fio de tarde ou de noite

Era em que tudo arde

tanto faz saber

ou simplesmente

vivo ser

Tem luz em tua volta

ou era o dia que

tudo tarde

Fere meus olhos

olhar é frio

refrata a dor

quando ainda é cedo

Melhor é viver

a calma do dia

enquanto há luz

e o sol cai

Ainda é vida

ainda é dia

Mas que já vai

tarde.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Lugares escondidos

Fui além da porta dos fundos,

para colher maduro,

o fruto da manhã!

Joguei bolinhos de barro

cozidos ao sol a pino!

Estilhaços vermelho-sangue

na parede da cozinha.

Desperdício, havia vento!

Colhi esquecido

o fruto da tarde,

junto, um pião há muito perdido!

Já perto do buraco do mundo,

desperdício de uma vida

e um menino

envelhecido.



Ricardo Kersting

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Canto dos anjos


No dia que saí de casa,

levava somente um vazio!

Fui quietinho, ninguém viu

meus pés queimavam em brasa!

De mais nada sabia!

Mas tinha sonhos e paixão!

De real um pedaço de pão,

e a estrada que se abria!

Sei que andei pela rua,

como um gigante no jardim!

Nada sabia de mim,

Menos sabia da lua!

Caminhei o meu caminho

entre flores natimortas

vi a dor sombrear as portas,

senti o queimar do espinho

Em meus passos fiz meu andar!

Até pensei fosse verdade,

que no mundo havia bondade,

e que um dia poderia parar!

No dia que saí de casa

nada tinha de saudade,

nenhuma marca da maldade,

que ainda iria conhecer!

Não pensava que viver,

era sempre querer

voltar.


Ricardo Kersting

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Virtual

Rico brilho de
Ingênuas palavras que
Cativam a alma
Árduo lapidar de mudos lábios
Ritual poético, pleno e
Diáfano,
Origem do ser



Helena Erthal

Ídolo

Incrustei no puro carrara,
dois belos olhos em puro jade !
Curvei-me diante de tanta beleza,
não mais raciocinei!
Nem de forte olhei ao largo!
Entretanto de parco e pobre
nada tenho para te ofertar!
Além desse amor menino, doente
mas indômito.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Lágrima

Tentei à beira do mundo
colher toda a água do mar!
Em vão, escapara-me dentre os dedos!
Mas! Vejo que surpresa! Na palma de minha mão
em concha! Jaz encolhida e trêmula, bela e solitária,
uma pequena gota, que por pouco também não fugiu.
Fecho a mão e meus olhos! Junto e sobre o horizonte de meu ombro! Abro uma
pequena fresta! Olho para dentro daquele pequeno mundo donde
um minúsculo mar também me enxerga!

Não há tempestades! Mas é noite profunda.
Entre montanhas de carne e rochas calosas,
espraia-se num norte sem areias!
Pequenas ondas se agigantam, espumas brancas quebram nas praias,
mínimo reino de Poseidon, donde Selêne canta inaudita,
onde verdes de jades revolvem-se em sonhos,
e paredes de templos em ruinas são sepultadas!

Ouço trovões clarões de tempestades distantes,
navios e náufragos dão à praia, sobreviventes choram seus mortos sob a chuva
caribenha... Os cantos cessam! Não há chuvas, nem raios de Zeus!
Abro minha mão devagar como num nascente,
o sol começa a colorir as praias desertas, já não percebo de Selêne seu canto,
já não ouço do náufrago seu pranto,
a mão mundo está totalmente aberta.
A pequena gota mar de meu sonho agora brilha um tom azul água marinha!

Em vão, são meus olhos
tributos pagos ao micro mar!
Imenso oceano solitário
de todo o meu pesar.


Ricardo Kersting