sexta-feira, 6 de março de 2009

Viagem dos proscritos.



O barco proscrito avança

até onde a vista alcança

vejo um mar de podridão.

Sou clandestino neste barco

a ferros preso lexo e parco

viaja comigo a solidão.



Atrás da nave seres e rostos retorcidos

buscam indulto aos erros cometidos

e recebem desprezo em vez do perdão.

Em cada gesto há o uivo da morte,

E cada vaga nos empurra ao norte

sob olhares de medo na escuridão.



A água brilha de vermelho sangue

o odor emana dos corpos no mangue

encalhamos no torso de uma jovem mulher.

Mas logo segue, o barco cigano

ouço o bramir dum clamor insano

sem ter descanso um minuto sequer.



Eis que me tenho só, por minha culpa

em minha aflição, toda dor ocupa

o lugar que seria de teu meigo chegar

O meu andar crivei de tola saudade

vi tudo cair num rio de vaidade

e meu sonho morrer, antes de realizar.




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