segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Caminho...

Ando num caminho sem margens
sem razão nenhuma para andar,
mas com uma necessidade imensa, urgente de seguir.
Cansado das tentativas vãs de entender as pessoas,
decifrar enigmas e depois fugir das esfinges.
Um caminhante a mais na multidão ofegante,
mas de tanto saber andar angariei seguidores, mesmo
sem saber qual é o meu destino.
Não adianta pensar no passado imutável, nem no futuro
que ainda não existe.
Tento pensar no presente que já passou, na esperança
de ainda poder mudá-lo.....tolo que sou.
Nem este andar depende de minhas forças e o caminho
também é imutável, nada que eu faça poderá mudar
seu início, meio e fim...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Tempo

Talvez nem tão lento, quanto calmo, mas seja
o vento que me traga das curvas sombrias
uma visão de alento
à minha vida obscura
uma pouca, mas mui necessária
paz porque ainda
há tempo...!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Falso



Aticei os lobos sobre a multidão de estrelas
as feras uivaram de medo ante ao tempo que rugia.
Descerrei os ferrolhos das celas, dos anjos
uma luz mimetizada cegou os soldados e mártires, mas de nada adiantou.
As pedras esquecidas dormiam o sono de Nero
e o pulsar das claves sobre os mantos revogados
empurravam párias e cristãos para o centro da arena.
Mantida a hora e a cena...
os leões recuaram
sob a nevoa tinta em vermelho sem dor...odor,
a plateia obscena ensaiava um apupo febril
quando me viu...
gritou: Ateu!
Só, entre a cruz e um cristão...um filisteu,
tudo verdade
então...
o falso ali era eu.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Odisséia

Daquele momento em diante, não havia
diferença entre correr, voar ou dormir sob reflexos
dos olhos de um anjo.
Nada que se fizesse para ludibriar o tempo
significava enganar a dama de cabelos esvoaçantes
e de pele rubra de um sol negro.....!

Disfarce...

Nada seria tão importante, ou solene
e em minhas mãos pousava um resto de sombra
esquecida pela nuvem de sereias das quais nada eu sabia...nem de ti.
Eu pensava no que pensar enquanto bastaria apenas saber....
qual era o rumo dos elefantes foragidos e  em qual das suas
gaiolas douradas deixaram o perdão para
 meus pecados.

E de repente vi  realmente aquilo que sempre fui....
Um nada dentro de uma casa de botão abandonada
rastejando na areia fina de uma ampulheta quebrada
que jazia na fronte de um sinal sobre o olho
lacrimejante de sangue de Polifemo atingido pela lança de Odisseu....


Eu.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Vaga lembrança.

Descobri onde o sol dormia
de lá trouxe a derradeira chama
que extinguirá a humanidade
sobre ela expus a minha agonia.
Antevi as cores do mais remoto arco-iris
mesmo assim meu clamor não ouviste.
Insisti pelos cantos da minha dor sombria
enfim conheci o verdadeiro rosto da vida
e que ela inteira era menos
de um minúsculo segundo e que eu não tinha
nenhum lugar para ir a não ser deitar sobre a superfície
de um planeta condenado
esperando a chuva
para me esconder nos confins da memória doentia
como uma lembrança...vaga
e tardia.

quarta-feira, 30 de março de 2011

O mesmo..

Eu tento,
mas no fim faço sempre a mesma coisa.
A mesma coisa para mim, não sei se para você também
mas tudo é diferente mesmo sendo igual
mesmo tendo a mesma lança, o mesmo escudo e
o mesmo dragão.
Invento,
mas acabo andando a mesma trilha
seguindo os mesmos sinais
vendo os mesmos fantasmas
sentindo o mesmo medo..
Sendo assim,
acabo ouvindo as mesmas vozes
e em meus olhos secam as mesmas lágrimas
quando se vão os mesmos sonhos
que nunca deixei de sonhar...!

Acordo..

quinta-feira, 24 de março de 2011

Sentido.

Se correr fizesse  sentido
por certo correria
tivesse o correr como destino
um novo caminho livre de olhos estranhos
onde os peixes descansariam
no fundo de uma colher
tivesse como leito a mão pelada do lêmure
onde o roçar da seda e o veludo
fosse comum como suor do trabalho
se voar fizesse sentido...

sexta-feira, 18 de março de 2011

"E"

E se de repente eu ousasse
e voasse dentre os abismos negros das
distâncias
e navegasse dentre as vagas explosivas da
poesia
e aceitasse o desafio dessa entrega que tanto clamas
e me jogasse entre as chamas ardentes dessa paixão
urgente
e te fizesse me amar como em nenhum tempo ou sonho
sonhaste?

sábado, 12 de março de 2011

Talvez

Talvez um dia eu te leve, seja num momento breve
tardio ou em tempo
de sentir minha mão em carícias
sobre o veludo de tua nudez.
Talvez também me entregue
ao pulsar oscilante, mas feroz e urgente
ao que o teu olhar chama de "meu"
ao que ao meu se vislumbre  delícias
de ser um pouco só teu..

Talvez um dia
que não tenha noite
mas que seja noite todo o dia
para viajar minha boca em teu ventre
sobre a castanha flor em chamas
que por fim um começo
seja feito
talvez assim..!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Vivo

Todo viver insano que nos
repele mas por vezes acolhe.
Este rasgar dos oceanos
sobre um tempo descalço
e limiar de velho e novo
que me reprime
na esguela da sombra...um sinal
Que emana das mãos que seguram
o vinho fora da garrafa.
Todo querer é
primeiro fruto de um sonho
que nem sempre se realiza
mas nunca deixamos de sonhá-lo..
Vivo
com as mãos desajeitadas
a segurar o sol
sobre a minha cabeça..
Vivo
e minha voz é fria que
queima na escuridão
enquanto tua boca é o  infinito.
Estou vivo
e sei
viver é tudo
que se sabe
e se pode ter.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Primeira pessoa.

Fiz, disseste
procurei, disseste
falei, disseste
calei, disseste
cansei, disseste
desisti, disseste
sofri, disseste

te amei.......pensei...

sábado, 15 de janeiro de 2011

Agora a tarde.

Vejo o tempo agora
o caminho das cortinas de janeiro
e ainda as canções que nem fiz.
Perco sobre minha mesa os
papeis riscados e desordenados
onde em alguns, alguma frase
lembraria teu nome.
Hoje minha visão é turva, mas serena
a manhã nasceu amena
há completa paz
no cantar das cigarras.
Havia um canto
onde te eternizaria.

Agora é tarde..

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Sentidos

Esse sentir de um só sentido
sem renúncia, sem minúcia
sem porvir.
Essa condição sem o prazer da espera
desesperado sem pensar sem favor.
Que culpa o outro pela saudade
arranca toda sua vontade
esmaga sua paixão.
Pode ser um descaminho
uma trilha, um espinho
pode ser o inverno
o inferno em seu horror
pode ser o desprezo
o desconexo sofrimento
e a dor.

Esse sentimento pode ser tudo
pode até ser lindo.
Pode ser profundo
seja sincero
 ser infindo
mas com toda certeza
não é amor.