sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Culpa.

Tudo que restou está longe de alcance
de qualquer gesto..qualquer lance.
Mas a culpa será minha? Só minha.
E a vida? Segue por aí afora.
Pergunto ao vento, porque tanta demora?
E isso era tudo que eu tinha
tudo que podia ou pude aprender
tudo que a vida me permitiu fazer
será a culpa? E é só minha?
Ou esse pouco que sou
é tudo que posso ser?

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Silêncio

Ondas de sons
partículas verdejantes de névoas atemporais
distantes...translúcidos devaneios
artistimulantes desejos..enganos
antinavegantes janeiros até marços
rios da prata além mar.
Ouço
eu silencio...ouço
e grito...maldito
carnaval.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Segredo

Era impossível esperar.
Aquela paixão fremente
nada podia ser mais urgente
não podia mais esperar.
Fiz plantão à sua frente
desfiz o discurso
que perdera a validade
esqueci a minha vaidade
mas talvez na verdade
falei demais
não soube escutar.

Agora minha mudez
contará minhas memórias
as que permitiria...serem guardadas
sob sete chaves...segredo total.
Não sei se os cantos da sala
estarão esperando a poeira do passado.
Não sei se ainda valerá a pena
se não está tarde para ter dignidade.
Mas será segredo
o nosso enredo
em meu arremedo
cometi perjúrio
agora quero calar.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Surrealismo verbal de Simone Aver.

Eu gostaria de ter um armário
cheio de cruzes e faixas com
cicatrizes. Também queria um
riso extinto em minha boca
surda..

Queria ser essa pessoa descrita
em teu poema.... Surreal seria.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Te procurei no fim.


Te procurei pela cidade, sequer sei teu nome.
Te esperei..em vão e gritei
ninguém ouviu
nenhuma sombra, de dúvida.
Enquanto chovia palavras em verborragia
eras meu inverso...inverno meu avesso
enquanto te achava, chamava tu sorrias
eu cantava inúteis canções
sobre um tempo que nunca vivemos

Estavas colando cartazes pelas ruas de Poa
era num brick, num linck
coisas assim....numa praça.
Eu sem graça. E tu engraçada
em meio à multidão
frente ao portão
da filosofia...certo que um dia
lembrarias de mim.

Este foi o fim..

sábado, 23 de janeiro de 2010


Preciso ficar um pouco à beira do abismo.
Sentir a vertigem dos ventos sobre o mar bravio.
Olhar o horizonte inalterável...incansável
vetor de busca....procura.
Talvez encontrar o inavegável
ir tangencialmente ao profundo
antever o claro-escuro e fundo
de um oceano perdido..sem planos, cartas nem farol.
Tenho que estar ao alcance dos medos
sentir nas mãos, entre teus dedos
o sangrar das horas perdidas
que nunca mais moverão os ponteiros.
Tenho que pensar ser feliz... um dia
nem que seja o último dia
antes do alinhar dos planetas, sem a luz
na solidão de um infinito findo
quando nada haverá
além do além
e do vento
apenas um segundo
quando escurecem as estrelas
e nada mais
será
o que nunca tenha
sido.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Palavras viajantes.


Orações ao vento Templo budista no RS.

Andei entre Stupas, sinos
anunciavam presença ao som
do bronze.
Palavras escritas no fino
tecido, tremulam para sempre.
Assim ouvi as orações
viajantes do tempo
rasgando sílabas
libertas do templo...ao vento
galopando
o espaço.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

As orelhas de macaco.

Havia uma lista de coisas
Pequenas mudanças que escrevi
nas orelhas de macaco.
Isso! ainda era inverno.
Eu mudei de lá para...mais adiante.
Havia outras coisas
que poderiam ser a chave mestra
que me mostraria o mundo.
Mas eu era outro e outros são diferentes.
As folhas da árvore gigante
cairam sobre o capim seco verde-dourado.
Bem na frente da velha escola.
Eu ainda era pequeno
e as orelhas de macaco murcharam
perderam os rabiscos feitos a lápis de cor
de caneta esferográfica preta...minha preferida.
As coisas mudaram.
Tudo ficou escondido nas orelhas do tempo.
A escadaria ainda existe
aguarda minha velhice
só para escarnecer da época
em que eu era um herói correndo sobre
as estrelas
sobre o capim seco
à sombra das orelhas
da infância.

Vida viagem.

Vida, uma viagem sem volta
sem estradas, mapas ou rotas
e destino desconhecido.
Origem fora da Terra
vagando na imensidão do tempo
sem lembranças, distâncias
nem sonhos
onde todos somos...passageiros.
Todos somos estreantes
marinheiros de primeira viagem
sob a mesma luz
dançamos ao sabor do vento.
Nem todos seguem viajando
alguns perdem.....seu lugar
quanto mais seguimos esse rumo
na velocidade máxima
ou bem devagar
mais longe segue a vida
para nunca...nunca mais
voltar.

Teus olhos.

Teus olhos
calaram a minha tristeza
choraram a minha dor
enquanto os meus
não sei se de arrependimento
fecharam-se sob a escuridão
e tormento
pra abrirem-se neste momento
sob a luz
do teu amor.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Enquanto

Sei que o dia ainda dorme
enquanto colho tuas palavras
jogadas num repente
enquanto olhavas o presente
indagando ao futuro.
Sei que ainda dormes
me detenho numa insana intenção
de entender tu'alma indômita.
Dentre sonhos
beleza
e tristeza.
Recolho tuas impressões
mágoas, frustrações
e esperança.
Luz e tempestade
terremotos
dor
prostração e reerguimento.
Presença no meu dia
enquanto ainda dormes
na minha obra
em meu trabalho
entre nenhum sim
e vários nãos.
Presbiopia
é teu corpo
absorto
faz teu parto
em minhas mãos.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

No trem

Ao meu lado
num lugar vago
um homem cansado
me olhava
com desdém.
Era o jogo
desjogado
num futuro esmagado
sob os ferros
do mesmo trem.
O homem de olhar
azulado
maltrapilho
talvez drogado
parecia me ouvir.
Porém eu nem
falava
também não escutava
o que ele parecia
não saber dizer.
Ele era um velho
que eu já conhecia
assim como conheço meu pai.
Eu era ele
já sabia e
para mim mesmo
olhava e via
o que a vida
me reservou.

Num lugar
vago no trem
estava eu
distraido e cego
estava a minha
vida e meu ego
num estranho vai e vem.
Tentei saltar
na primeira estação
talvez outro trem
em outro vagão
antes que eu pudesse
o homem velho
pegou minha mão
dizendo
"antes que seja cedo
ou muito tarde, ou não
seja doce, amargo e azedo
manda parar esse
trem".

Na plataforma
olhei para os lados
além dos seres alados
nada mais vi.

Apenas lembrava
viajante da demência.
Num lugar vago
um homem, uma mulher
que ninguém viu
sentaram ao meu lado
companheiros
silenciosos
numa estranha viagem
um sonho,
ou miragem
de um comboio
que nem sei
donde partiu
muito menos seu destino
nem se eu era menino
passageiro
de um trem
que nunca
existiu.

Cores do futuro.

Palavras azuis
singram a escuridão
rolando trôpegas
entre as pedras inacabadas.
Viagem e o sonho
que de tão real
dói em meu cérebro.
As estranhas estreitas
estradas espreitam
sob um sol de titânio.
Beijos de silício
aguardam um...start
em bocas viciadas
de telas e
tédio.
Pequenos gênios
resultado do
assédio
escutam os gemidos
sofridos entreouvidos
de outras sessões.
Um vento de carbono
desabotoa as cortinas
em plástico
cor de estanho
polímeros e aço
juntam-se ao odor.
Tudo é cor
num blues latinizado
ou um tango
mal dançado
relembra o futuro
perdido
no passado
entre os sabores
artificiais
da nova era.

Pura quimera
nada será
como um dia
como foi
amanhã.
Ontem será
muito tarde
mesmo sendo
de manhã.

Busca

Um dia vou te encontrar
em qualquer ponte
seja do nada
a nenhum lugar.

Sei que vais calar
nas mesmas canções
que em cada final
eu te perdia.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Ainda.

Sempre que te olho
em teus versos.. ainda que distantes
roçam o meu braço.
Mas não são mais teus
quando os atiras ao vento
me atingem e me prostro.
Não são meus, mas me cercam
cerram, secam-me a boca
e suores indecentes
riem de mim.
Ainda teus cabelos molhados
refrescam-me o pescoço
sinto-os sobre o peito
parte de mim, de ti.
Sempre que te ouço
sorrindo com os olhos
desfazendo do tempo, do mar...de mim.
Sempre que te vejo
tens a mesma sede.
Ainda que seja tarde, manhã ou chuva
distante são as cálidas tardes,
de sol que ainda arde
em meus sonhos... enfim.
Só na loucura persistes
e a tudo assistes
sem nada dizeres de ti..
a mim.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Cogito.

Às vezes penso que não penso.
Isso é bom!! fico fora do planeta
e o tempo não me conduz para a noite...
Há momentos que não sou eu.
Apenas me vejo, distante e não sou nada..
Isso é tão verdadeiro.
Muitas vezes preciso me convencer
que ainda existo...dentro de mim.

Entretanto na verdade,
me desconheço.
Nunca me vi.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Terra dos versos perdidos.

Meus versos
que já eram escassos
perderam-se nos espaços
das noites sem fim.

Tenho outros olhares
sobre outros lugares.
Como Peter Pan, minha sombra
desprendeu-se...de mim

Na Terra do Nunca
ela se escondera.
Preciso encontrá-la
ou aos versos... assim.