sábado, 28 de março de 2009

Restaram as pérolas.


Teu olhar
coloca
certeza
da distância
de um sorriso
teu que traduzo

e renego
avesso e desconsolo
miragem
oásis perdido
meu
corpo
corpo
teu.

Meu
tema
deserto
ao sol
de verão
busco
em minhas
mãos
soar
de um sino
um caminho
entre a razão
e o nada
teu
corpo
corpo
meu.
Teu corpo fala em
meu corpo, falo
em ti.


Caixinha cheia de coisas.


"Pontas cônicas irônicas montadas
em uma lâmina de papel dourado ressequido e torto.
Lixas de bico, de bilro? De birra.
Parafusos de nada, pedacinhos de cera perdida, suporto?
Embuchas, rastilhos=(O que é um rastilho)?
Parte, de uma parte, outra parte repartida, re-parto,
parti, paramos numa parte. Repartimos tudo".


Pedaços de metal
são meus
meros
vermelhos e azinhavrados
todos metais
sei que não sei
o que é isso tudo.

Uma caixa
um pedaço de luar
o mar,
dentro dum dedal
quatro conchas
de sereias fustigadas pela dor
quatro pedras
redondas
e
a
voz
de
meu
pai.

O resto?

São pérolas...

sexta-feira, 27 de março de 2009

Feitiço - Preta Véia

Uma estrada de pó
guardavas em quarto escuro
ponto do santo endereço da capela
outra estrada cruzava, essa era a carga.

"Pegaste um zumbido zóio estrunhu melero
jogassi na pedra e inda zumbas d'eu?
botasi no fogu galiliha d'angola
sanguizi de cabritu ele zumbas d'nois"

A estrada de lama era o fim da campina
o medo que eu tinha
deixei para lá e fui para sempre
onde devia ir, toda a vida, toda a vida.

"Lá nusauto das pedreira tem um santo
musifiu valá manda buiscá prá mó di cortá
esa seca mardita, esa canga quji não naceu
em ti misifiu, sorta esa carga mardita misifiu"

Lá onde deixei meu medo
começou o meu sonho
que logo fui buscar
não tem pranto nem santo
que me faça voltar.

"Abri bem ese zóio azul como ahua
tem muié bunita que qué ti beijá
tu num va murre tum sedo mi fio
multu tempu tu tem prá mó di zoiá."

(Te amo preta véia esteja onde estiveres)

quinta-feira, 26 de março de 2009

Coisas que não precisava dizer.

Há coisas que deveríamos esquecer de dizer sempre.
Engraçado, são as que mais lembramos.
E quando dizemos, o mundo parece que vai terminar.
Depois de um dia pensando naquela pessoa,
mal contendo a ansiedade para poder falar, trocar as experiências vividas
um tempestade de coisas tortas e mal explicadas desabam sobre os dois.
Às vezes nem precisam muitas palavras
um monossílabo, já é suficiente para se perder o dia, e em algumas vezes uma
amizade. Eu pessoalmente acho injusto isso, porque na maioria das vezes aquele que ofende
pensa que isso está longe de acontecer. De repente acontece, como uma bomba no meio de uma
sala de espera. Onde menos se espera uma bomba.
Quando isso acontece comigo tenho vontade de explodir. O pior é que sempre acontece com pessoas que menos mereceriam. Na verdade ninguém merece.

Um dia legal, muito trabalho, rendeu uma maravilha. Uma conversa com uma pessoa super interessante, tudo maravilhoso e de repente, uma bobeira, um assunto indigesto e aquela dose
maciça de "unsifragol" que não se faz presente e pronto! lá se vão os pés pelas mãos.

Vou me olhar no espelho. Devo estar com cara de babaca. Ultimamente tem sido a minha cara favorita. Se tirar a barba, pode piorar. Vamos ver amanhã, estou cansado de ter que me desculpar, não tenho desculpas quero mais é pagar por meus erros.

E tenho errado muito. Estou chateado e triste. Deve valer pelo aprendizado, como lembra muito bem a minha querida amiga Helena Erthal. Quem lê o meu blog já deve ter percebido que eu cito
bastante essa moça..É que ela sabe muito mesmo. Dá licença;;; Vou dormir..

Romântico - Verão de 73


Para esse dia que também vai passar, trago um poema
mais antigo. Tanto que eu nem lembrava.
Não me supunha
tão romântico assim em 1973.
E continuo igual até hoje.



De um lado vejo uma ponta
em outra ponta nada vejo
nada tenho de tão claro
de tão caro, nada desejo.

Se fosse de novo um menino
te traria juntinha sem medo
porém sei que nesse caminho
só posso tê-la em segredo.

Busco a ti, em outros olhos
em teus olhos o que não tenho
busco em ti os meus caminhos
em teus seios meu engenho.

Quero fazer-te muito carinho
trazer-te sempre em meu coração
toda manhã fria, bem cedinho
dar-te calor, a vida em canção.

Minha vida, minha flor, flor eterna
flor do campo, meu campo em flor
sê para mim o que melhor puderes
e que eu possa te devolver em amor.


terça-feira, 24 de março de 2009

Sem códigos


Não há mistérios entre mim e minha alma

não há códigos secretos, leis de incerteza moderada

ou que alcance o tamanho inexato.

Se uma árvore crescer normalmente será parecida com

a árvore que cresceu

se um avião partir, se não cair aterrissará

se anoiteceu agora, amanhã amanhecerá.

Não há mistérios entre mim e o que eu quero

não há códigos para nós dois

não há tempo que meça o universo

não há sol que exploda em raios catódicos

não temos vida entre vidas entrelaçadas

minhas mãos estão livres sobre a pedra viva

a tua mão me acena na vertigem do sorriso

onde nascem os desejos

onde se aquece a água

onde se entulha os pedidos negados

onde os ateus dão graças

não temos códigos a desvendar

meus olhos são plenos

estão abertos

querem te olhar

de perto

por certo

a leitura da retina

se revelará.

Amigos..

São meus olhos
que buscam a curva no fim do mundo
São minhas mãos
que atravessam o oceano das almas e atracam no sublime
São meus sonhos
que levam a sede de vida aos recantos de mim
São meus pés
que me colocam de frente diante das injustiças
São meus pensamentos
que fazem ruir os castelos da mediocridade e fazem nascer o inatingível
São minhas tristezas
que me fazem transformar em beleza o dantes bojo de vaidade
São meus planos
que determinam minha jornada
São as paredes
que desconstruo a cada tinir de meus cinzéis
São meus destroços
que recolho a cada passo que refaço a cada instante quando olho sempre à frente
São minhas lembranças
que me reerguem e me conduzem à eternidade
São as palavras
que me fazem pensar, reagir, sofrer e chorar
São minhas lágrimas
que não conto levam segredos confissões ditas nem sob fogo
São minhas fugas
que me fazem livre e ser o que poucos são
São as minhas obras
que levam ao mundo a minha carne, o meu silêncio, a minha paixão, a minha voz,
o meu lamento e tudo mais que só eu sei

que sou.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Pensei

Que já haviam dito tudo.
Pelo menos
era o que o jornal anunciava.
Mas as palavras ainda me batem no rosto.

Risos?
Não me dizem nada.
Nada é tão importante
hoje eu estou triste
tudo pode mudar.

Então a minha vida,
a tua e de vocês,
não é importante.

Ontem, eu te cantei como um beijo,
isso me fez feliz.
Esse riso dentro da minha alma
me diz muito mais.
Eu te cantei como um abraço
e tu sorriste
um sorriso-beijo.
E o resto?
Não é importante.

Até as palavras que me batem
no rosto.

Quero o silêncio que foi
perdido.

Pensei.

domingo, 22 de março de 2009

Agora.

Silêncio...

É mais além

Atrás da linha , outra senha, uma carta
aberta aos loucos
um copo quebrado
a certidão de nascido
a pesca e o peixe estragado
há muito mais do que vã filosofia
não tem portas, solta-vento
brigas de rua
bebidas, medidas ambas extremas
não sabem de mim
e tu menos podes saber
há cãibras em mortos
sonhos sem luzes
ruas sem postes
estradas pagãs
que não voltam
nem têm idas
há espécies extintas e vivas
sangue coalhado
tantas vezes derramado nas eiras dos generais.

Nada podes ver, pois nada enxergas
nunca chegarás onde já fui
falas do tempo
como se nada além existisse
mal sabes da noite queres ensinar a luz
é mais além do que crês
estás perdida enquanto pensas que sabes o caminho.

Há uma cerca caída
mas um muro de cegueira te impede
há doenças infames curas milagrosas
o último barco
que eu deixei partir
pensas que eu perdi?
Atrás da linha há uma curva
interminável viga que rege as vidas
há um plano refeito, redito perfeito
há mares e terras outras baldias
pontes horizontes sem fim
guias estanhadas, ferroadas e bençãos
não há cantos só as jornadas.

Quem é, sabe o que é ser.
Não tem propósitos enluarados
nem agnósticos, crenças ou religiões,
nem fogos estandartes antimônios hormônios
só paixão

Rumo, para quem anda
berço, para quem recria
claridade, para quem faz história
um eterno recomeçar, para quem vive o seu sonho.

É mais além.

sábado, 21 de março de 2009

Um pingo


Acordes de violão

longe da mesa do almoço

lembras que chovia?




As notas das nuvens, na forma de gotas

na forma da lei.

Gravitacional lei de queda e procura.




Enquanto quedavam as notas de chuva

longe dos pratos, dos talheres e toalha,

mas dentro de todos que viviam ali.


Entretanto havia cercas limitando os sonhos

nada poderia trazer mais solidão

do que pingos num telhado zincado

de acordes do seu violão.



A grama pontilhada de brilhantes

refletia desejos e esperança

nos olhares.

Em nome do pai, da mãe e dos filhos.

_Mãe chama teus filhos, chama e calor.


Quando um pingo venceu a janela

equilibrou-se no fio da lâmpada

caiu

dentro de um prato vazio de espera.

Estilhaçando-se em mil pequenas gotas-diamantes

acordamos do sonho

recém combinado

molhados

por um pingo (nota)

que venceu a janela

atravessou a sala

enviado pelo céu...








Plim.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Depende


Ainda havia plantas

sombras

solidão também festa.

Pés de plantas

pé que nunca calçara

uma luz no fundo do quintal.

Falava do tempo que se enxergava,

era o futuro

mas no presente

depende.


Havia razões para crer nas pessoas

nem sempre precisava gostar delas.

Hoje olho para o tempo

vejo outro futuro

presente?


Depende...


ao lado do rosto deste guri

há um carimbo

dito: dependente

passado

futuro?

Presente

ainda

depende.


Perguntaria Mário Quintana

"O que estará pensando esse guri"?



Depende..

O visitante "noturno"


Alguém está ao teu lado

é um cigano que doou-se ao vento

está calado e finge ser um sereno canto

mas no fundo vem ser

uma indecifrácel esfinge.


Alguém que bate à tua porta

não tem quadros na parede na casa de onde vem

não há memórias imediatas palpáveis

parece entendê-lo

mas seus olhos vão além.


Esse cara que te prende pela cintura

beija entre teus seios

mas até agora só te disse "sou eu"

ao mesmo tempo que te quer

não tem como te levar embora

da torre onde estás.


Não é um cavaleiro andante

suas armas ferem teu coração

seus caminhos não enxergas

estão perdidos no tempo

ele se doa ao canto

te cobre inteira com o manto

te seduzindo

com sua paixão.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Guia


Te vejo distante

minha estrela

penso que posso

dar-te um beijo

em plena luz do dia

em qual permaneces

oculta madura

feito limo sem pedra

adormeço

ronceiro de prazer

na dança das mãos

num simples sonhar

teus olhos de cedro-bronze

sutil toque celular

de células pulsantes

como o intermitente esculpir

eis teu servo

que te acalanta

que te vigia

te liberta

ousando livrar-te

deste catre de rocha

onde a escuridão me espreita

onde podes te perder

e nem me perdoarias

porque te

quero nua

ou só

te faço crua

sob a nudez do meu

olhar.

terça-feira, 17 de março de 2009

Cuidado


Cuidado
com teu medo
ele pode te entregar
ao caminhar pela rua
"uma rua qualquer"
eu posso me aproximar
e te dizer baixinho
"quero te gostar".


Alguém pode estar vendo
esse teu medo de voar
ou talvez se divertindo
com teu medo de sonhar.
Cuidado, olha lá!
Não há tempo de correr
nem sempre dá para saber
se é um farol
ou é o luar
ou meu olhar.

Cuidado
ao fazer a cama
pisar na grama
e cair na calçada!
Da fama.

As marocas podem contar
não perde o rumo
da madrugada
em que passas acordada
só para me ver aqui
cuidado, presta atenção
eu ainda sou guri.

Cuidado, mulher
é de noite
e esse cabelo vermelho molhado?
Há uma ponte
e um cão alado
um velho espia
pinhas e um vigia
caminhão sem freios
cavalo sem arreios
trem descarrilado
um gato encurralado
um policial aposentado
leão atropelado
panquecas com melado
tudo pode fazer mal
por favor
muito cuidado
um descuido é fatal.

Pode ser o fim.
Cuida
comigo
contigo
conjuro
contudo, de mim.

Cuidado.






segunda-feira, 16 de março de 2009

Moda de Sangue -Jerônimo Jardim e Ivaldo Roque




Foto do prédio onde nasceu Elis Regina Vila do IAPI Porto Alegre..


Uma frase de um poema de Simone Aver "Numa rua Qualquer" lembrou essa música


e lembrou-me de Elis.




Quando te prendo


na cadeia dos abraços
e te torturo e te sufoco
entre meus braços

E te fuzilo
com os olhos do desejo
e mordendo
no gosto do meu beijo

Quando te arranho
te lanho de delícia
vertendo sangue
do teu corpo de malícia

Quando te xingo
com palavras obscenas
como jurasse
as juras mais serenas

Quando me vingo
dos males que me fazes
com frases de maldade
e veneno

Sinto meu amor
que o amor é isso
essas coisas
muito fora de juízo

Mulher em repouso-Bronze da série "Diálogos"


Repousas tranquila

e nada sabes desse teu

febricitante seguidor.

Tolo escravo,

feiticista

de teu bronze-olhar.


Sonhas só,

enquanto em guirlandas

folhagens deitas.

Eu te velo

em teu solitário descansar.

Repouso

espero

espio.

sábado, 14 de março de 2009

Modelo


Teu lindo corpo
em minha mente.
Agora em minhas mãos.
De tanto sonhar
como se o sol fosse possível,
cais de teu mar
em meus punhos.

Te modelo linda,
por todos teus poros.
Tuas belas mãos contém as minhas
por pouco não te faço nua.

Enquanto vibras em teu roçar sereno
afago teus seios
lembrando doce visão.
Sinto a fragrância
de tua pele macia
agora minhas garras rasgam "teu" mármore.

Não quero mais os cinzéis
a macularem tua textura.

Teu corpo modela-se
em minhas mãos.
Preenche todas lacunas
medidas,
moderadas e absolutas
como sempre
sonhei.

Nem podes imaginar
o que isso é
para mim.



Ainda o tempo.


Pensei que tudo
poderia ser explicado.
Mas nada explica tudo,
me deixo resistir.

Há quem tem fome
e pensa que eu nada sinto.
Não, não sinto tanto assim.
Sinto muito..

Atrás das janelas um mundo vibra,
privado? Não sei?
Não há fotos, não há filmes
privam às pessoas, pisam no tempo
que não podem conter.

Fecho as janelas
as sombras cessam.
Sou inocente, me sinto inocente.

Caminho entre tumbas como fogo fátuo
lembranças de fato
todas vivas.

Eu passo e os cães nem ladram mais.
Canto e os fantasmas acompanham em sol(idão) maior.
Penso e as folhas caem
pois de-terminam verões.
Chega outro vento ou-tonal, um pouco mais.

Mais um dia
outros medos.
Após tantos anos,
ainda me surpreendo
ainda tenho tempo e medo.

Ainda sinto saudade.

Sinto muito.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Canto das Sereias


Relato

Nuvens espessas sob o luar sereno
carregadas de dúvida e imenso pesar
meus pés longe do tombadilho
busco o infinito
homens loucos vejo, soltos aos mar.

O canto espalha-se em todos os cantos e prantos
de Selêne, alentos de Deusas perdido entoar
como Odisseu por Atena esquecido, mudo no tempo, me pus escutar
do mais alto vento vejo o girar do cabrestante.
Quando começara o canto
pensei ver, Dédalus voar...


Canto...


" Ó tormenta em vagas repentes
derramas turbilhões nas costas de Héracles, em Gibraltar.
Não podes ser contido menos ouvido
se cantas liberdade, liberto estarás
tormentas e vagas doutas de profundezas
donde Poseidon ri em seu eterno reinar.
Ondas selvas d'agua mágoas e passado
tudo é brilho imenso no intenso derramar".


Vês meu infortúnio?
Agora assim, preso
corpo teso
indefeso

te pões a cantar?






quinta-feira, 12 de março de 2009

Outra canção


abre a cortina
a luz clara- clarea a dor
palco é vazio
a lua é cheia
não há platéia
só, o cantor.


Solo
a última nota repetida
a última nota repetida
não será ouvida
a última nota

não será você


Faço um solo
em quatro compassos
tempo de uma breve
ainda posso esperar
a última estrofe
não terá sua voz
não será você
invertidos compassos
colcheias de saudade

quando a breve cai
como uma
tormenta.



silêncio.
sem mim
em você

Restava uma canção

terça-feira, 10 de março de 2009

Coisas


Crio coisas

Tenho um monte
numa caixa.
Elas se reproduzem
e eu busco outras
para viverem
perto de mim.
Há iludidas coisas, frias,
coisa linda,
novas ou velhas.
Coisas difíceis, coisas estranhas
e coisas iguais.
Quando não ganho eu busco mais.
Ou de repente, elas surgem.
Numa tarde
numa noite
durante uma visita
sorrateiramente.

Coisa feia!

Distraidamente,
quando me dou por perdido,
elas me encontram aqui.
É sempre a mesma coisa.
Faço coisas
coisa de louco.
Isso é uma coisa!
A coisa complica.
Isso é outra coisa.
Coisa com coisa.
Vou na rotina.
Coisa chata!
Eu, vivo.
Como é a coisa hein?
Não vão me deixar
nem morto.

Que coisa!

Eu vou
elas
vão ficar
Coisas da
vida.
Coisas
que não morrem
coisas podem mudar.
É muita coisa.
Mudar de dono
mudar de casa
e
num quintal
se
enterrar.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Um dia.




Se pudesse trocaria,
pedaço da minha vida.

Eu nada perderia,
se fosse por esse dia.

Mesmo assim
a minha vida,
completa estaria.

Mesmo faltando
um pedaço,
de qualquer tempo
e mais um dia.

Só assim
eu poderia
esquecer
nefando
dia.





domingo, 8 de março de 2009

Vento


Abri minhas mãos ao vento.
Não preciso mais nada,
nem saber nada de mim.

Vento que bate em meu rosto.
Impulsiona a poeira
embaçando minha visão.

Vento condutor das notícias,
do front, às milícias,
de onde ninguém voltará.

Vento. De origem qualquer,
ferindo os pés descalços,
abrindo as matas misturando os sinais.

De pessoas vivas ou mortas.
Quem não veremos mais.
Serestas
passeios
verão
varais.

Vento.


sábado, 7 de março de 2009

Todos os sentidos.



Eu sei


o poema existe


posso ouvi-lo


Como dentro da pedra


há a escultura.




Eu sei


posso tocá-lo.


Posso,


sentir o seu gosto.




Eu sei que existe.


Posso esperar e


cheirar.


Suas frases estão


ao vento.




Eu sei


e já posso vê-lo


mesmo sem


escrever.



Eu sei


e creio.

Rios de Amor



Dentre as pérolas que a minha amiga Helena Carvalho me enviou,
essa eu considero a mais preciosa. Muito obrigado Helena.




" Em princípio são pequenos, mas em seu percurso
fazem-se mais fortes e profundos! Uma vez que tenham começado,
já não têm volta. Assim sucede com os rios, os anos e as amizades"

Versículo Sânscrito

sexta-feira, 6 de março de 2009

Lua


Num cantinho de céu

mora uma pequena lua,

presa em seu quarto dourado.

Reflete as lembranças

e faz crescer as plantas

no pequeno jardim.


Ela mostra sua outra face,

finjo que não vejo

e ela faz, subir a maré.

Lua nua, modelada em argila

crua e dourada pele,

ao se romper.


Pela própria ira, pequena lira

se desmancha agora quando

deveria tocar.

Cá em baixo eu colho no jardim,

da sua pele, dourada,

seca de barro, e olho pro céu.


Vejo perdida, a lua esquecida.

Dança e me lança seu raio de dor.

Queres assim, lua "candente"?

Ó sim, ela assim quer!

Então assim será.

Viagem dos proscritos.



O barco proscrito avança

até onde a vista alcança

vejo um mar de podridão.

Sou clandestino neste barco

a ferros preso lexo e parco

viaja comigo a solidão.



Atrás da nave seres e rostos retorcidos

buscam indulto aos erros cometidos

e recebem desprezo em vez do perdão.

Em cada gesto há o uivo da morte,

E cada vaga nos empurra ao norte

sob olhares de medo na escuridão.



A água brilha de vermelho sangue

o odor emana dos corpos no mangue

encalhamos no torso de uma jovem mulher.

Mas logo segue, o barco cigano

ouço o bramir dum clamor insano

sem ter descanso um minuto sequer.



Eis que me tenho só, por minha culpa

em minha aflição, toda dor ocupa

o lugar que seria de teu meigo chegar

O meu andar crivei de tola saudade

vi tudo cair num rio de vaidade

e meu sonho morrer, antes de realizar.




quarta-feira, 4 de março de 2009

Menino


Era corajoso

com medo do mundo.

Do vento um açoite,

olhava a noite

para o outro lado

do muro.

Torcendo para a pandorga

não cair lá!

Onde era escuro

eu nunca iria buscar.

Onde morava uma

estranha.

Era orgulhoso

mas nada podia comprar.

Roupas? Só as que me

servissem,

poderia ganhar.

Atrás daquele muro

era a terra incógnita,

se lá eu fosse,

nunca iria voltar.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Chaga.


Uma ferida

distante.

Como o sol

arde

tanto,



quanto..