sábado, 29 de novembro de 2008

"Nem" Ser

O simples respirar "nem" ser profundo,
o tênue arfar apesar de oculto.
Deveria bastar para eu"nem" ser só! Um vulto.
Poderia "nem" ser só! E te encontrar.

Oculto o tênue bastar, para"nem" ser, só simples!
Apesar de vulto, só ser profundo!
Nem respirar poderia! Ser simples,
deveria bastar.

Ricardo Kersting

Telefonema

Vem agora, minha onça matreira

antes que a solidão se escoe e leve consigo

a fuga de mim mesmo!

Traz contigo uma lâmpada para esse quarto,

que ainda ontem tropecei na cama!



Vem me dizer das coisas que não possuo, vem!

Reclamar da sujeira da casa

e me chamar de tonto!



Aqui, existia uma placa dizendo, cuidado!

Aqui, existia o cuidado de existir uma placa!

Aqui, existia um tempo em que uma placa refletia,

cuidado, cuidado!



Hoje existe um cão,

e a verdade de um cão,

é a comida que recebe,

seu latido é ilusão!



Vem me tirar da seqüência,

a porta às vezes abre

e nunca mais fecha!



Os copos estão vazios,

o relógio, parado

e a toalha mofada, esquece a lâmpada!

Faltou luz!



Não esquece de mim,

não esquece de mim.


Ricardo Kersting

Vem

Era tarde, eu deitei!
Escutava sinos,
teu rosto triste lembrei!
Companheira vem buscar,
a tua boca que calei,
os teus olhos
a quem jurei
nunca fazer chorar.

Ricardo kersting

Chuva.

A brisa inunda a sala!
Transforma a cor nula, pela chuva, pela casa!
Em véspera de faxina!
Cheia de pó, roupas, serpentina,
numa súbita canção!
Que decerto, alguém cantará!

Desfaz-se o sexo
feito algum dia,
sem amor ou poesia,
porque nada é feito de graça!
Nenhuma rua, nenhuma praça!
Alguém por ali passará!

Ricardo Kersting