segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Poema com razão



Hoje escrevo outras palavras
Aquelas que um dia julguei perdidas
Um poema desarrumado, cheio de rasuras.
Inacabado, sem palavras medidas.  
Mas um poema não precisa de nada!
 Para ser poema, só necessita de razão.
Não há palavras tolas a serem escritas.
 A lembrança que me rói.
E de novo espanca, tortura.
Não extrai de mim o alento.
Não espero a confissão.
Não espero a candura.
Revejo o tudo que  aconteceu ontem, reescrevo tudo que perdeu
o sentido, em palavras malditas, pois tudo agora é uma questão de tempo. Não de ódio, nem paixão.
Não existem vocábulos prontos para definir a noção do caos.
Ele simplesmente nos devora, antes que possamos defini-lo, por isso não há sentido definir o sentimento, nem agora nem quando era possível, pois ontem ninguém me ouvia. Hoje as palavras batem nas paredes surdas refletem as memórias que pensavam serem ilusórias.
A gente não percebe, nem pensa que essas coisas são reais.
A vida é diferente.
Tudo que se faz aqui não passa de palavras ao vento.
Nada acontecerá.
Mas, sabemos de cor.
O algoz reduz sua cólera.
Escondendo-se num discurso vazio
Dissimulando todo seu tom doentio
Tentando ser bom, parece pior.
Hoje meu poema é mudo.
É linguagem dura.
Não pode decifrar angústias... é ferida.
Reaberta tantas vezes que nunca se fechará.
Mesmo que um dia haja cura.