sexta-feira, 27 de março de 2009

Feitiço - Preta Véia

Uma estrada de pó
guardavas em quarto escuro
ponto do santo endereço da capela
outra estrada cruzava, essa era a carga.

"Pegaste um zumbido zóio estrunhu melero
jogassi na pedra e inda zumbas d'eu?
botasi no fogu galiliha d'angola
sanguizi de cabritu ele zumbas d'nois"

A estrada de lama era o fim da campina
o medo que eu tinha
deixei para lá e fui para sempre
onde devia ir, toda a vida, toda a vida.

"Lá nusauto das pedreira tem um santo
musifiu valá manda buiscá prá mó di cortá
esa seca mardita, esa canga quji não naceu
em ti misifiu, sorta esa carga mardita misifiu"

Lá onde deixei meu medo
começou o meu sonho
que logo fui buscar
não tem pranto nem santo
que me faça voltar.

"Abri bem ese zóio azul como ahua
tem muié bunita que qué ti beijá
tu num va murre tum sedo mi fio
multu tempu tu tem prá mó di zoiá."

(Te amo preta véia esteja onde estiveres)

2 comentários:

Simone Toda Poesia disse...

Lindo. Emocionante. Gostei demais. De verdade. Bjs

Cynthia Lopes disse...

Ih, abriu os olhos azuis que nunca mais se fecharam. bjs