terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Dança dos centauros


Continuei o meu caminho
atrás das pedras pequenos seres
me observavam.
Nenhum deles era como eu
que estava livre
e podia escolher
entre o bem e uma vida de lágrimas.

Podia falar ou silenciar ao mundo.
Podia sorrir e dançar ao luar.
Nenhum daqueles pequenos seres
podia ser com eu era
não podia voltar
nem seguir se quisesse.

Não podia perguntar
nem responder.
Ali naquele caminho, cheio de pedras
havia uma deusa em transe,
um padre louco,
e um anjo bêbado,
um faquir estava sentado
sobre uma coroa de espinhos.

Beijava o dorso de uma serpente
e perguntava se alguém podia ouvi-lo?
Tinha um homem muito triste
que vestia roupas apertadas
e sorria só com a boca
como se o resto do rosto
não lhe pertencesse.

Me disse que eu teria
um rumo.
Só naquele momento
percebi que eu não
tinha para onde ir.
Não importava se eu podia,
não sabia.

E ninguém além de um padre louco,
uma deusa em transe,
ou um faquir extemporâneo
poderiam me dizer.


O anjo bêbado alçou seu voo.
O padre louco se arrependeu
As pequenas criaturas me olharam e
sorriram.
Perguntaram porque eu não tinha
para onde ir?


Olhei-me no espelho d'água
Muitos centauros eu vi.

2 comentários:

Cynthia Lopes disse...

Muito bom, imagens e versos... bjs

Ricardo Kersting disse...

Muito obrigado, minha poeta! Ando meio louco, assim como ficou louca a poesia..
Beijos