sábado, 3 de janeiro de 2009

Lágrima

Tentei à beira do mundo
colher toda a água do mar!
Em vão, escapara-me dentre os dedos!
Mas! Vejo que surpresa! Na palma de minha mão
em concha! Jaz encolhida e trêmula, bela e solitária,
uma pequena gota, que por pouco também não fugiu.
Fecho a mão e meus olhos! Junto e sobre o horizonte de meu ombro! Abro uma
pequena fresta! Olho para dentro daquele pequeno mundo donde
um minúsculo mar também me enxerga!

Não há tempestades! Mas é noite profunda.
Entre montanhas de carne e rochas calosas,
espraia-se num norte sem areias!
Pequenas ondas se agigantam, espumas brancas quebram nas praias,
mínimo reino de Poseidon, donde Selêne canta inaudita,
onde verdes de jades revolvem-se em sonhos,
e paredes de templos em ruinas são sepultadas!

Ouço trovões clarões de tempestades distantes,
navios e náufragos dão à praia, sobreviventes choram seus mortos sob a chuva
caribenha... Os cantos cessam! Não há chuvas, nem raios de Zeus!
Abro minha mão devagar como num nascente,
o sol começa a colorir as praias desertas, já não percebo de Selêne seu canto,
já não ouço do náufrago seu pranto,
a mão mundo está totalmente aberta.
A pequena gota mar de meu sonho agora brilha um tom azul água marinha!

Em vão, são meus olhos
tributos pagos ao micro mar!
Imenso oceano solitário
de todo o meu pesar.


Ricardo Kersting

2 comentários:

Anônimo disse...

que forte. muito forte e retumbante. é como se eu me atirasse em alto mar com tubarões.
adoraria que tu entrasse no meu blog:
www.poesiaimoral.zip.net

Cynthia Lopes disse...

Um microcosmo de medo e outras tantas e vastas emoções... no olho do furacão a calmaria lembra? bjs