O barco proscrito avança
até onde a vista alcança
vejo um mar de podridão.
Sou clandestino neste barco
a ferros preso lexo e parco
viaja comigo a solidão.
Atrás da nave seres e rostos retorcidos
buscam indulto aos erros cometidos
e recebem desprezo em vez do perdão.
Em cada gesto há o uivo da morte,
E cada vaga nos empurra ao norte
sob olhares de medo na escuridão.
A água brilha de vermelho sangue
o odor emana dos corpos no mangue
encalhamos no torso de uma jovem mulher.
Mas logo segue, o barco cigano
ouço o bramir dum clamor insano
sem ter descanso um minuto sequer.
Eis que me tenho só, por minha culpa
em minha aflição, toda dor ocupa
o lugar que seria de teu meigo chegar
O meu andar crivei de tola saudade
vi tudo cair num rio de vaidade
e meu sonho morrer, antes de realizar.
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