domingo, 22 de janeiro de 2023

Efígie

Somos um esboço 

e não um modelo
um desejo, uma linha torta 

a questionar
na curvatura do mundo, 

todas as terras planas.
Uma cicatriz, uma expressão. 

e não uma obra prima!

sexta-feira, 18 de março de 2022

 


"O Beijo" Constantin Brancusi



Ósculo

 

Não há nada mais insólito

 Que um encontro de bocas.

Uma perscrutando a outra como se

Pudesse descobrir adentro a própria alma.

Na verdade não faz nenhum sentido.

Assim como outros vícios.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

 


Poema Roto.

 

Rever poemas antigos é como remendar folhas queimadas

Usando água como cola,

Mesmo se por milagre funcionasse

Seria impossível colar aquilo que já nasceu

Roto.

Poemas são palavras dispersas, que só servem de esmola

À minha alma empobrecida

Leio a mim mesmo e não vejo futuro

Não distingo o sonho da verdade,

Poemas não são precisos,

Calar é preciso.

Tudo que ficou para trás se foi

 Importante algum dia,

Agora é só lembrança

Isso também não faz sentido,

Quando tratamos de recolher as cinzas

Das palavras.

 

domingo, 31 de maio de 2020


Às vezes.

Às vezes penso que sim, outras vezes penso que não.
Nunca me contradigo!  Vivo em contradição.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Poema com razão



Hoje escrevo outras palavras
Aquelas que um dia julguei perdidas
Um poema desarrumado, cheio de rasuras.
Inacabado, sem palavras medidas.  
Mas um poema não precisa de nada!
 Para ser poema, só necessita de razão.
Não há palavras tolas a serem escritas.
 A lembrança que me rói.
E de novo espanca, tortura.
Não extrai de mim o alento.
Não espero a confissão.
Não espero a candura.
Revejo o tudo que  aconteceu ontem, reescrevo tudo que perdeu
o sentido, em palavras malditas, pois tudo agora é uma questão de tempo. Não de ódio, nem paixão.
Não existem vocábulos prontos para definir a noção do caos.
Ele simplesmente nos devora, antes que possamos defini-lo, por isso não há sentido definir o sentimento, nem agora nem quando era possível, pois ontem ninguém me ouvia. Hoje as palavras batem nas paredes surdas refletem as memórias que pensavam serem ilusórias.
A gente não percebe, nem pensa que essas coisas são reais.
A vida é diferente.
Tudo que se faz aqui não passa de palavras ao vento.
Nada acontecerá.
Mas, sabemos de cor.
O algoz reduz sua cólera.
Escondendo-se num discurso vazio
Dissimulando todo seu tom doentio
Tentando ser bom, parece pior.
Hoje meu poema é mudo.
É linguagem dura.
Não pode decifrar angústias... é ferida.
Reaberta tantas vezes que nunca se fechará.
Mesmo que um dia haja cura.